quinta-feira, 22 de abril de 2010

De graça nem injeção na testa....

Por que não desenhar de graça (por Hiro)

Todo mundo já ganhou uma caixa de lápis de cor ou um jogo de lápis de cera quando criança e desandou a desenhar os pais, monstros, o cachorro e o que passa na TV. Gastou uma floresta em cadernos de desenho e várias paredes tentando expressar sua criatividade.
Isso faz do desenhista o primeiro ensaio de profissão que uma criança pode ter, tanto quanto ser um jogador de futebol (virar médico por causa da prima não conta).
Portanto, é natural que todo ilustrador tenha uma paixão natural pelo seu trabalho.
Quem era desenhista e virou ilustrador é porque ou teve um talento nato ou desenvolveu com a prática, mas sempre teve um motivador que percebeu que tinha o poder de criar algo com a mente e as mãos.

Se você resolveu ganhar a vida com o dom do traço, com certeza passou por alguns micos na família e entre amigos. “Você vai morrer de fome”, ou “vai vender desenho na Praça da República”, ou “Seu irmão é quem deu certo, virou advogado”. Você vai conhecer um ou outro que foi abandonado pela namorada porque achava que ele não tinha futuro, que ia acabar com o cabelo sebento, com um bloco de desenho e um vira-latas amarrado com barbante, deitado no meio da sarjeta. Mesmo assim foi em frente, mesmo com o mundo apostando as fichas em outro cavalo.

Sou ilustrador e não desisto nunca

Nunca vi um ilustrador que desenhasse por obrigação ou só para pagar as contas. Nunca vi um ilustrador que ficasse olhando o relógio a cada 5 minutos na expectativa de chegar as 6 da tarde e ir embora correndo pra casa. Todo ilustrador tem uma característica: tem uma paixão pelo que faz.
E por que não me refiro mais como desenhistas, mas sim como ilustradores?
O desenhista desenha por pura paixão. Dá um rim porque acredita no que está fazendo.
O ilustrador também desenha por paixão. Mas ao contrário do desenhista, ele vira profissional.
E ser profissional não é simplesmente ganhar dinheiro com desenho. Primeiro grande erro que a maioria dos desenhistas têm.
O ilustrador têm que ganhar dinheiro sim, e isso se torna uma relação comercial. São negócios. O ilustrador vira um comerciante de si mesmo, vende o que tem de melhor que é seu talento.


O ilustrador segue regras. Simples assim.

Regras comerciais (entre ele e o cliente) , regras contábeis e financeiras (passar nota e administrar a grana), regras legais (saber seus direitos e deveres perante a lei), regras pessoais (para não desvirtuar do que acredita) e regras éticas (para ter uma coerência com toda a classe dos ilustradores).
Se não segue regras e desenha o que quer, por que quer e não consegue argumentar com o cliente, então desculpe, tá confundindo arte com negócios.
E um dos maiores erros que vejo por aí é a terrível combinação de talento + insegurança pessoal + picaretagem dando frutos monstruosos.
Isso gera gente que pede desenho de graça. E gente que aceita fazer isso.
Uma coisa é sua namorada ou sua tia pedindo um desenho pro cartão de aniversário da irmã.
Outra coisa é um empresário que pede uma ilustração de graça (ou para teste) com as mais variadas desculpas. As mais famosas são:
“Seu trabalho vai ter uma divulgação tremenda”.
“É bom pro seu portfólio”.
e a mais famigerada: “Esse é de graça, mas depois você vai ter outros bem remunerados”.
“É um trabalho de risco, se for aprovado você ganha”.
Tem uns mais indecentes que dizem simplesmente “Se não fizer, tem gente que faz”.

Pois bem. Acho que nesse ponto eu tenho alguma autoridade pra dizer que isso é a mais pútrida e cadavérica mentira.
Trabalhei mais de 10 anos numa grande agência fazendo o papel duplo de diretor de arte e iustrador. E nesse período, fiz o trabalho também do que hoje se chama “art buyer”, ou seja, contratava ilustradores e fotógrafos para alguns trabalhos.

E eu posso dizer com certeza:
• Nenhum trabalho garante que outros trabalhos virão por causa dele.
• A divulgação é uma conseqüência natural do seu trabalho, é como dizer para um barbeiro que não vai pagar o corte porque vai divulgá-lo por aí.
• Quem é a anta que disse que ilustrador precisa de material publicado para colocar no portfólio?

Primeira coisa que deve ser lembrada, ó desenhista desesperado por atenção e do vil metal para dar estímulo à carreira:
O que você vai dar de graça vai ajudar o lamuriante picareta a ganhar dinheiro. Seja em embalagem, anúncio, revista, tatuagem, o que for. Ele vai ganhar dinheiro e você não!

Isso é uma afronta, uma ofensa profissional e um desrespeito pessoal.
Você não sai na sorveteria pedindo um sorvete de graça prometendo comprar um monte na próxima vez, certo? Nem pede pra cortar o cabelo de graça pra você fazer divulgação do salão. Nem pede pro marceneiro fazer um armário de graça para ele colocar no portfólio.
Mas por que pedem isso pro desenhista?
Por que ele não liga, desenha com paixão e faz rapidinho…na verdade estão fazendo um favor pra ele.

Acontece algo parecido com os médicos.
Qualquer médico em uma festa é interpelado uma ou duas vezes por um gaiato que quer um diagnóstico na hora mostrando um furúnculo na bunda enquanto segura um copo de vinho.
Já que está ali, vamos aproveitar.
Mas pelo que eu sei, a maioria dos médicos já cortam o barato no meio. Dá o cartão e pedem pra passar amanhã no consultório.

Desenhistas deveriam ter a mesma postura.
Isso é necessário para ter uma integridade pessoal e financeira para o ilustrador, e principalmente, para todos os ilustradores.
A regra é simples: Se existem pessoas que pedem isso é porque existem pessoas que o fazem.
E não trazem leite pra casa, mas algumas promessas e um punhado de feijões mágicos.


Abrindo as portas da percepção

Eu já passei por isso. No começo da minha carreira como autônomo, inseguro, perdido e ingênuo como coelho Tambor, aceitei um trabalho de risco, ainda mais porque era amigo de um amigo meu que não vejo há anos.
Quando vi o quanto o cara ganhou com meu trabalho e vi que toda dor e lágrimas que me passaram eram falsas como as promessas, minha barriga doeu de raiva e indignação. A partir daquilo nunca mais.

Existem situações mesmo em grandes agências onde me pedem um “trabalho de risco”. Ou mais descaradamente, “precisamos de um desenho para layout da campanha que ainda vai ser aprovada”. Não é coisa vinda de um Zé Ruela da esquina.
Mesmo dizendo que tenho uma tabela de valores para ilustrações para layouts, sem aprovação do job, há aqueles insapientes que insistem na “filosofia do risco”.

Recuse e recuse com orgulho. É estupro profissional e pessoal, sua auto-estima vai ficar no nível da sola do pé com o tempo.
Não existem exceções? Claro que existem, mas são raras e tem critérios muito pessoais. Pra fins beneficentes, por exemplo. Nem encaro como risco, mas como doação mesmo. E pára por aí.
Recebo todos os dias pedidos de trabalho de graça, de ongs, de cultos religiosos, de escolas, de empresas falimentares, de meninas mimadas, de editoras sem noção, de tudo quanto é tipo.
Para estes, ignorá-los não se tornou apenas uma opção, virou uma necessidade.


O Efeito Borboleta

Só pra entenderem o que isso causa, há 20 anos os valores pagos por ilustração eram bem diferentes. Tudo bem que antes não existia computador e tudo era feito na raça, mas a relação entre valor e direito de uso de imagens não mudou.
A diferença é gritante, principalmente no meio editorial. Uma ilustração de página dupla que hoje sai por uns R$600,00 antes era o dobro do valor, e até mais do que isso. O achatamento dos valores foi progressivo até chegar o que é hoje. E sabe o que é pior? O achatamento não parou por aí. Vai continuar até chegar na espessura de uma panqueca. E, se isso acontece em uma das maiores editoras do Brasil, imagine o que não acontece nas Boca-de-Porco Publishings?
Cheguei a pegar uma época em que ser ilustrador era sinônimo de ser rico, sem exageros. Ganhava-se muito bem, e foi um dos motivadores de eu largar a Biologia pela Ilustração. Não me arrependi de ter feito a troca, mas fico triste e ensandecido quando vejo o respeito financeiro que a ilustração vem tomando no Brasil, o suficiente para cogitar a possibilidade de trocar de país.
Até mesmo Cacilda Becker, cansada de receber pedidos de convites de graça das suas peças de teatro, grudou um recado no vidro da bilheteria dizendo: “Não me peça de graça a única coisa que tenho pra vender”.

Autor: Hiro
http://blog.hiro.art.br/2006/12/31/por-que-nao-desenhar-de-graca/

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Olha só que legal!

Recentemente adicionei o criador do desenho Flapjack na minha lista de Deviant Watch, para ficar de olho nas insanidades que ele adicionasse aos trabalhos dele no deviantart.

E não é que ele viu, deu uma passeada no meu perfil e adicionou meu fanart na lista de favoritos dele?

Confiram neste link o perfil e os favoritos do Thurop Van Orman no deviantart :D


AVENTURAAAA!!!!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Preview - Adesivos do Super Mario

Fiz algumas Photoshopagens para mostrar como ficariam os adesivos do Mario.

Que tal?

sábado, 27 de março de 2010

8 bits, Pixel Art e Decoração

O que é pixel art? É a arte feita com pixels, meu caro Watson!


Pixel é a abreviação ou corruptela de PICture ELement (elemento da imagem). Ele carrega em si a informação de uma cor. É uma tarefa simples, mas de vital importância. Como "picel" é feio de falar, os gringos colocaram um "x" no meio para deixar mais estiloso e acabou dando nisso.

O pixel é a menor unidade de uma imagem digital. Seu monitor tem uma resolução máxima medida em pixels. A telinha do seu celular também. Sua câmera digital tem um resolução medida em pixels (um megapixel significa 1.024.000 pixels). Seu velho videogame Nintendinho usa pixels. Falou em imagem digital, tem pixel aí no meio!

Aproveitando o gancho e me dirigindo à geração que não pode mais ser confiada, que atingiu os 30 a poucos anos, vocês lembram do seu Nintendinho?

Pois ele é a parte 8 bits do título deste post. São os videogames de duas décadas atrás, com os famosos personagens e games que existem e fazem sucesso até hoje como Sonic, Double Dragon, Mario, Donkey Kong e Megaman.

Lembram deles?

Mesmo quem é mais novo - até minha filha de 5 anos! - conhece o Mario. E ai de quem perguntar "Que Mário?"

Vamos entrar numa viagem pelo túnel do tempo, mas sem tocar no aspecto quântico dessa jornada.

Quero que pegue sua câmera digital, que tem por exemplo a capacidade de tirar fotos com 12 megapixels - isso significa que ela grava 12 milhões de pontinhos contendo informações de cores, espalhados em 4096 colunas x 3072 linhas. Agora pegue o Nintendinho, no ano de 1985 do milênio passado. Você sabia que ele trabalhava com uma resolução de 0,06 megapixel?

É pouco?

Seis centésimos de megapixel. São incríveis 61.400 pontos, divididos em 256 colunas x 240 linhas de pura diversão, esmagando tartarugas e salvando princesas!

Para nós, adolescentes na década de 90 e guaraná na garrafa de vidro isso era mais que o suficiente... 

Bem, já falei do Pixel Art, já falei do 8 bits e mostrei o salto imenso que a tecnologia deu nesses anos. (Daqui a 20 anos nossas câmeras 3D terão quantos terapixels de resolução?)

Agora vem a parte da Decoração... Dêem uma olhadinha na foto abaixo:


Jogos Antigos + Impressão em Adesivos + Saudades = Decoração Cool para ambientes internos e externos.

A decoração acima é com Sprites e Tiles do jogo Super Mario Bros, o clássico lançado pela Nintendo. Mas não precisa ser só do Mário... Com um pouco de googlagem é possível achar imagens de praticamente todos os jogos.

Vou pegar alguns sprites, vetorizar, organizar num arquivo do illustrator de 1m² e mandar para a gráfica produzir uma decoração em vinil personalizada do Super Mario World do SNES.

Depois eu ponho uma foto da decoração já pronta... No momento estou buscando um método prático, rápido e satisfatório para criar os sprites vetorizados:

Gostaram? Quem quiser posso fazer sob encomenda :)

Um abraço a todos e volto em breve!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Adiós Glauco

Mais uma vítima da violência em São Paulo.

Glauco, o criador do Geraldão, Nojinsk, Dona Marta, Geraldinho, Casal Neura entre outros personagens foi assassinado junto com seu filho durante uma tentativa de assalto e sequestro em sua residência.


Seus quadrinhos foram fonte de inspiração para vários cartunistas atuais, inclusive para mim. 

Infelizmente, contra esse tipo de violência o humor acabou sendo calado...

...e o Brasil perdeu mais um grande artista em um ato irracional, e ninguém sabe quantos cartunistas, padeiros, contadores, motoristas, marceneiros - pessoas comuns - perderão a vida pela falta de segurança, de policiamento, de atitude das autoridades (ir)responsáveis.

Como o fato realmente ocorreu ainda não está muito claro, as informações até o momento são confusas. A única certeza é que ficamos todos um tanto mais tristes hoje.

Adiós Glauco.

(fontes: Globo, UOL)

terça-feira, 9 de março de 2010

"Propostas de Risco" ou "Quem Arrisca Não Petisca?"

Estava lendo o blog da Thais Linhares, uma ilustradora com 20 anos de carreira, e no dia 01 de março ela postou o tópico "Não Aceite Propostas de Risco!"

Diz a sabedoria popular, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. 

Tanto na hora de aceitar serviços de risco quanto trabalhar sem contrato, quem leva a pior é o ilustrador que dedicou horas e abriu mão de outras oportunidades para concluir um serviço cujo retorno é incerto.

Muitas vezes a empresa ou o cliente que o contratam tem "N" projetos paralelos que independem do sucesso dessa única proposta de risco, e o lucro da empresa - portanto o salário deles - não está em jogo.

Enquanto o seu, está... Por isso trate de diminuir seu risco, se estiver num mês de vacas magras sem outros jobs, e não tenha outra opção além de aceitar o serviço, uma solução citada pela Thais é estabelecer um mínimo, nem que seja apenas para pagar suas contas.

É justo garantir este "piso" em qualquer job de risco que você precise fazer. Especifique em contrato o valor, e condicione um acréscimo ou uma participação nos lucros caso o projeto seja bem sucedido.

O importante é ficar sempre coberto, no pior dos casos o mês passou sem que você entrasse no vermelho e o trabalho feito, mesmo não obtendo sucesso no projeto, vai para o portfólio e vira experiência e uma boa história para contar para os amigos no bar.

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Apenas para acrescentar um causo pessoal no post, lembram o cliente que fugiu quando mostrei o contrato?

Pois é, era um projeto de risco. No contrato constava uma cláusula que incorporei para minimizar meus riscos - como o pagamento dependia de comissão de venda das ilustrações, eu não aceitaria que ele estabelecesse nenhum prazo para entrega das reproduções.

"Mas como assim???", vocês podem perguntar.

É simples, eu tenho o trabalho fixo na produtora e os outros freelances remunerados que aparecem. Eles são minha prioridade, pois tem remuneração certa. Como vira e mexe eu acabo pintando e fazendo algumas ilustrações para praticar, iria encaixar nesse tempo de lazer e estudo, independentes e não interferindo com o serviço.

"Certo, mas e se o cliente precisasse de uma encomenda urgente?", seria outra dúvida razoável.

Nesse caso também deixei no contrato bem claro - se fosse necessário estabelecer e cumprir prazos, deveria receber o adiantamento equivalente a 10 comissões de venda da obra de cada ilustração com data de entrega. Assim, as 10 primeiras vendas já estariam pagas e garantidas para mim, e eu iria voltar a receber as comissões normalmente a partir da décima primeira venda.

Como o contrato não foi aceito, o risco foi zero e o tempo gasto foi 1 hora para adaptar um contrato padrão de ilustração nos moldes que eu precisava.

Agora fui conferir se já carregaram as pilhas da caneta do tablet (sim, preciso comprar um Wacom urgentemente)! Fui!

sábado, 6 de março de 2010

Ruim sem ônibus, pior com eles!

Dentro do ônibus perdemos partes estratégicas do nosso dia.

Logo cedo o pique e motivação para começar o expediente de trabalho escoam ao entrar pela porta da frente, extraídos pela pressão do pessoal empurrando atrás e o muro de entalados na frente.

É o café da manhã dos campeões.

Ao sair do trabalho, buscando a tranquilidade e conforto do lar, somos submetidos a mais um pouco de stress e mais um pouco de atividade física puxada, tendo que segurar firme em uma barrinha de metal enquanto o motorista tenta nos lançar ao chão.

Igual um peão montado num touro no rodeio.

A qualidade do transporte público é péssima, em termos de conforto e tempo perdido na viagem.  E nossos governantes com seus motoristas particulares prometendo que irão tomar conta e melhorar a situação da população.

Só se mandarem os motoristas particulares para nos levar de carona.

Enquanto isso não acontece, ficamos presos nos ônibus, trens e metrôs de SP. Muitas vezes literalmente presos. Sem conseguir nem andar dentro deles.

Vejo muitos aproveitando o tempo da viagem para uma grande variedade de atividades paralelas...

Por exemplo ler livros, mandar torpedos no celular, retocar a maquiagem, tirar sobrancelhas, fazer lipsync com o iPod, poledancing, rosca direta com sacola de compras, cortar as unhas e muito mais.

Eu espero que os políticos não consigam roubar todo o dinheiro dos impostos que pagamos e um pouco da verba que sobrar seja realmente usada na melhoria dos transportes....

Ainda bem que é sábado e não preciso pegar ônibus hoje. Posso dormir na cama, ao invés de cochilar sentado num banco desconfortável e sacolejando para todos os lados!