sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Profissionalizando... ou: Dá trabalho trabalhar direito!

No ultimo post, o episódio do Contrato que espantou o cliente, falei muito sobre profissionalizar o trabalho de ilustrador.

Infelizmente, no Brasil, para iniciar a carreira como ilustrador autônomo (freelancer) é bom antes você arrumar outra fonte de renda.

Explico:

Você pode trabalhar como pessoa física, realizando uma ou outra ilustração, montando um flyer para um amigo, um cartão para outro, mas dificilmente irá conseguir um job grande sem poder emitir nota fiscal, ou sem estar em contato com uma agência.

Eu ainda estou nessa área. Trabalhando fixo como designer gráfico e vez ou outra fazendo freelances - no pouco tempo que me resta entre o trabalho e a familia. E sem emitir notas. É bom para ir divulgando o serviço, engordando o portfolio mas para se manter apenas com a renda de ilustração é impossível.

Estou há um bom tempo pesando os prós e os contras de abrir uma empresa, e procurando ampliar a carteira de clientes para justificar o gasto da abertura e manutenção da empresa. Ainda não dá.

....

Foi quando no finalzinho do ano passado eu ouvi falar do empreendedor individual. Quando vi no SP TV essa notícia, fiquei todo animado! Todo o trâmite legal e o custo com contadores e burocracia para abrir a minha empresa de ilustração estariam resolvidos!

Com um custo mínimo de 56 reais por mês é possível manter uma empresa aberta em seu nome, contratar um auxiliar com carteira assinada e ainda ter direito a recolher INSS e se aposentar! Emitir notas fiscais para outras empresas e trabalhar legalmente com um custo super acessível!

Uau!

Só que ilustrador não faz parte da lista de profissões beneficiadas com essa medida. Parece que não é uma atividade regularizada.


É mole??? Sem menosprezar as outras profissões, mas algumas eu fiquei conhecendo só ao ler o Roteiro do Microempreendedor Individual ( http://www.portaldoempreendedor.gov.br/modulos/entenda/quem.php ) e outras são no mínimo curiosas:
- Vinagreiro (wtf)
- Baleiro (Zeca?)
- Caçador
- Panfleteiro
- Salsicheiro...
... e mais uma lista de 439 profissões beneficiadas por essa lei.

PERGUNTA:Você já contratou um caçador para abater um coelho azul que fica batendo papo com um pato preto?
- Porque se precisar contratar, ele pode emitir nota!!!!

Enquanto isso, recomendo aos futuros ilustradores que tiverem a oportunidade ou necessidade de abrir uma empresa os seguintes links:

Sebrae (http://www.sebraesp.com.br/)
Reserve uma semana no mínimo para ler tudo e se informar de cabo a rabo das responsabilidades e custos ao se abrir um empresa e manter um negócio.

Sociedade dos Ilustradores do Brasil (http://www.sib.org.br/)
Informe-se sobre os requisitos e associe-se. É bom entrar em contato com outros ilustradores e unir a categoria para, quem sabe, termos mais direitos e uma voz que seja ouvida.

Associação Brasileira dos Ilustradores Profissionais (http://www.abipro.org/?scrid=Abipro)
Mais uma vez, informe-se sobre os requisitos e associe-se.

Por ultimo, mas não menos importante, leia o Guia do Ilustrador (http://www.guiadoilustrador.com.br/). E leia os blogs, forums e tente se inteirar da "scene" atual da ilustração no Brasil antes de largar seu emprego de Caçador e entrar em uma atividade cuja existência não é reconhecida.

Fui chorar num canto escondido!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

To Contrato ou Not to Contrato?

Recentemente "perdi" um trabalho ao apresentar um contrato ao cliente.

Isso com certeza vai acontecer com todo ilustrador, designer gráfico, programador web ou webdesigner em qualquer ponto da carreira. Na hora eu até engoli seco, as palavras do meu quase-contratante foram:

"- Contrato? Pra que isso? Já trabalhamos antes sem contrato, parece que não confia em mim. Queria dar preferência ao seu trabalho, mas não precisa ser assim. Tenho outras pessoas que fazem o mesmo serviço e nunca deu problema nenhum, inclusive já consegui com eles a ilustração que eu queria, e vou tirar suas outras ilustrações do meu site."

Uau... Porra, fiquei sem a comissão, outro ilustrador levou o trabalho e ainda queimei meu filme com o cliente?!?!

Infelizmente, não dá para trabalhar sem contrato escrito, impresso, assinado por ambas as partes e com testemunhas. O contrato garantiria que ambas as partes iriam cumprir fielmente o que haviam combinado verbalmente. Que mal há nisso?

Tudo que tinhamos conversado estava ali, transcrito no papel, os direitos e deveres de ambas as partes. O valor da comissão combinado, os prazos de pagamento, a licença por escrito para o uso de minhas ilustrações, tudinho.

Então por que não agir profissionalmente e assinar o contrato?

Se você pesquisar, todos os sites sérios de ilustradores dizem a mesma coisa. Faça o contrato, cobre o valor devido, se o cliente quiser o pagar menos, é melhor não aceitar do que fazer mal feito por não valer a pena financeiramente.

O guia do Ilustrador do Ricardo Antunes (http://www.guiadoilustrador.com.br/Guia_do_Ilust.pdf) vem com alguns modelos de contrato e diz em diversos pontos:
- Profissionalize-se, faça contrato, cobre o valor devido, seja ético.

A Sociedade de Ilustradores do Brasil (http://www.sib.org.br/) tem o código comercial, e logo no segundo artigo já fala:
- ART. 2’ - Pedidos e acordos entre o ilustrador e o contratante devem estar por escrito, e devem incluir os direitos de utilização específicos a ser transferidos, incluindo os valores combinados pelas partes, o prazo de entrega e um sumário descritivo do trabalho.

O site do Montalvo Machado (http://www.montalvomachado.com.br/), outro ponto de referência para a categoria, não deixa por menos ao explicar em seu FAQ o por que de trabalhar com um contrato:
- Porque é a única maneira segura para garantir que ambas as partes cumpram o combinado em relação a prazo de entrega, de pagamento, e que possam lidar com eventuais problemas de maneira justa e com a cobertura da Lei, em casos de cancelamento, de não pagamento, de utilzação indevida, etc.



Portanto... eu saí perdendo? 

...


Então veja só isso:
Para quem ainda acha que eu perdi, saiba na oportunidade que trabalhei com esse mesmo cliente sem contrato, eu fiz o site que eles usam para vender seus produtos por um preço módico de R$ 500,00 pois era tudo na camaradagem.

Na hora que cobrei o pagamento meses depois do site estar no ar, o cliente desconversou e disse que, se foi feito na amizade, eu não poderia cobrar nada e isso era uma puta sacanagem que eu estava fazendo.

Em troca pelo meu trabalho, eu poderia deixar minhas ilustrações a venda no site, e seria um sucesso pois venderia muito.

Depois de dois anos do site no ar, se vendeu alguma coisa minha eu sinceramente não sei  - não tinha um contrato assinado, não recebi nenhum relatório de vendas pois não tinha mais uma vez um contrato por escrito cobrando meus direito.
Repito... ter perdido ESTE cliente por ter apresentado o contrato ainda pode ser considerado que eu saí perdendo?


PS: Embora tendo retirado minhas ilustrações da área de produtos a venda, ainda tem ilustrações minhas no menu do site e no flash da página inicial. O que fazer?

Guarulhos 450 Anos

Capa e uma página que criei para o projeto idealizado pelo chefe. Acabou ficando bem simples e direto, o tempo é escasso e não dá para caprichar ou tentar fazer algo mais elaborado.


Sugestões?

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

De-zái-gui-ni Gráfico

É, todos temos um longo caminho a percorrer. O design gráfico é uma profissão como outra qualquer, porém muito mais incompreendida e subvalorizada.


"Vai ficar chorando as pitangas? Conta tudo pra sua mãe!"

Pretendo compartilhar um pouco do meu dia-a-dia, para que os outros aprendam com meus erros e acertos. Principalmente erros.

Tudo com um pouco de humor auto-depreciativo e irônico.

E vamos ver se no final tudo não vira um livro?