quinta-feira, 22 de abril de 2010

De graça nem injeção na testa....

Por que não desenhar de graça (por Hiro)

Todo mundo já ganhou uma caixa de lápis de cor ou um jogo de lápis de cera quando criança e desandou a desenhar os pais, monstros, o cachorro e o que passa na TV. Gastou uma floresta em cadernos de desenho e várias paredes tentando expressar sua criatividade.
Isso faz do desenhista o primeiro ensaio de profissão que uma criança pode ter, tanto quanto ser um jogador de futebol (virar médico por causa da prima não conta).
Portanto, é natural que todo ilustrador tenha uma paixão natural pelo seu trabalho.
Quem era desenhista e virou ilustrador é porque ou teve um talento nato ou desenvolveu com a prática, mas sempre teve um motivador que percebeu que tinha o poder de criar algo com a mente e as mãos.

Se você resolveu ganhar a vida com o dom do traço, com certeza passou por alguns micos na família e entre amigos. “Você vai morrer de fome”, ou “vai vender desenho na Praça da República”, ou “Seu irmão é quem deu certo, virou advogado”. Você vai conhecer um ou outro que foi abandonado pela namorada porque achava que ele não tinha futuro, que ia acabar com o cabelo sebento, com um bloco de desenho e um vira-latas amarrado com barbante, deitado no meio da sarjeta. Mesmo assim foi em frente, mesmo com o mundo apostando as fichas em outro cavalo.

Sou ilustrador e não desisto nunca

Nunca vi um ilustrador que desenhasse por obrigação ou só para pagar as contas. Nunca vi um ilustrador que ficasse olhando o relógio a cada 5 minutos na expectativa de chegar as 6 da tarde e ir embora correndo pra casa. Todo ilustrador tem uma característica: tem uma paixão pelo que faz.
E por que não me refiro mais como desenhistas, mas sim como ilustradores?
O desenhista desenha por pura paixão. Dá um rim porque acredita no que está fazendo.
O ilustrador também desenha por paixão. Mas ao contrário do desenhista, ele vira profissional.
E ser profissional não é simplesmente ganhar dinheiro com desenho. Primeiro grande erro que a maioria dos desenhistas têm.
O ilustrador têm que ganhar dinheiro sim, e isso se torna uma relação comercial. São negócios. O ilustrador vira um comerciante de si mesmo, vende o que tem de melhor que é seu talento.


O ilustrador segue regras. Simples assim.

Regras comerciais (entre ele e o cliente) , regras contábeis e financeiras (passar nota e administrar a grana), regras legais (saber seus direitos e deveres perante a lei), regras pessoais (para não desvirtuar do que acredita) e regras éticas (para ter uma coerência com toda a classe dos ilustradores).
Se não segue regras e desenha o que quer, por que quer e não consegue argumentar com o cliente, então desculpe, tá confundindo arte com negócios.
E um dos maiores erros que vejo por aí é a terrível combinação de talento + insegurança pessoal + picaretagem dando frutos monstruosos.
Isso gera gente que pede desenho de graça. E gente que aceita fazer isso.
Uma coisa é sua namorada ou sua tia pedindo um desenho pro cartão de aniversário da irmã.
Outra coisa é um empresário que pede uma ilustração de graça (ou para teste) com as mais variadas desculpas. As mais famosas são:
“Seu trabalho vai ter uma divulgação tremenda”.
“É bom pro seu portfólio”.
e a mais famigerada: “Esse é de graça, mas depois você vai ter outros bem remunerados”.
“É um trabalho de risco, se for aprovado você ganha”.
Tem uns mais indecentes que dizem simplesmente “Se não fizer, tem gente que faz”.

Pois bem. Acho que nesse ponto eu tenho alguma autoridade pra dizer que isso é a mais pútrida e cadavérica mentira.
Trabalhei mais de 10 anos numa grande agência fazendo o papel duplo de diretor de arte e iustrador. E nesse período, fiz o trabalho também do que hoje se chama “art buyer”, ou seja, contratava ilustradores e fotógrafos para alguns trabalhos.

E eu posso dizer com certeza:
• Nenhum trabalho garante que outros trabalhos virão por causa dele.
• A divulgação é uma conseqüência natural do seu trabalho, é como dizer para um barbeiro que não vai pagar o corte porque vai divulgá-lo por aí.
• Quem é a anta que disse que ilustrador precisa de material publicado para colocar no portfólio?

Primeira coisa que deve ser lembrada, ó desenhista desesperado por atenção e do vil metal para dar estímulo à carreira:
O que você vai dar de graça vai ajudar o lamuriante picareta a ganhar dinheiro. Seja em embalagem, anúncio, revista, tatuagem, o que for. Ele vai ganhar dinheiro e você não!

Isso é uma afronta, uma ofensa profissional e um desrespeito pessoal.
Você não sai na sorveteria pedindo um sorvete de graça prometendo comprar um monte na próxima vez, certo? Nem pede pra cortar o cabelo de graça pra você fazer divulgação do salão. Nem pede pro marceneiro fazer um armário de graça para ele colocar no portfólio.
Mas por que pedem isso pro desenhista?
Por que ele não liga, desenha com paixão e faz rapidinho…na verdade estão fazendo um favor pra ele.

Acontece algo parecido com os médicos.
Qualquer médico em uma festa é interpelado uma ou duas vezes por um gaiato que quer um diagnóstico na hora mostrando um furúnculo na bunda enquanto segura um copo de vinho.
Já que está ali, vamos aproveitar.
Mas pelo que eu sei, a maioria dos médicos já cortam o barato no meio. Dá o cartão e pedem pra passar amanhã no consultório.

Desenhistas deveriam ter a mesma postura.
Isso é necessário para ter uma integridade pessoal e financeira para o ilustrador, e principalmente, para todos os ilustradores.
A regra é simples: Se existem pessoas que pedem isso é porque existem pessoas que o fazem.
E não trazem leite pra casa, mas algumas promessas e um punhado de feijões mágicos.


Abrindo as portas da percepção

Eu já passei por isso. No começo da minha carreira como autônomo, inseguro, perdido e ingênuo como coelho Tambor, aceitei um trabalho de risco, ainda mais porque era amigo de um amigo meu que não vejo há anos.
Quando vi o quanto o cara ganhou com meu trabalho e vi que toda dor e lágrimas que me passaram eram falsas como as promessas, minha barriga doeu de raiva e indignação. A partir daquilo nunca mais.

Existem situações mesmo em grandes agências onde me pedem um “trabalho de risco”. Ou mais descaradamente, “precisamos de um desenho para layout da campanha que ainda vai ser aprovada”. Não é coisa vinda de um Zé Ruela da esquina.
Mesmo dizendo que tenho uma tabela de valores para ilustrações para layouts, sem aprovação do job, há aqueles insapientes que insistem na “filosofia do risco”.

Recuse e recuse com orgulho. É estupro profissional e pessoal, sua auto-estima vai ficar no nível da sola do pé com o tempo.
Não existem exceções? Claro que existem, mas são raras e tem critérios muito pessoais. Pra fins beneficentes, por exemplo. Nem encaro como risco, mas como doação mesmo. E pára por aí.
Recebo todos os dias pedidos de trabalho de graça, de ongs, de cultos religiosos, de escolas, de empresas falimentares, de meninas mimadas, de editoras sem noção, de tudo quanto é tipo.
Para estes, ignorá-los não se tornou apenas uma opção, virou uma necessidade.


O Efeito Borboleta

Só pra entenderem o que isso causa, há 20 anos os valores pagos por ilustração eram bem diferentes. Tudo bem que antes não existia computador e tudo era feito na raça, mas a relação entre valor e direito de uso de imagens não mudou.
A diferença é gritante, principalmente no meio editorial. Uma ilustração de página dupla que hoje sai por uns R$600,00 antes era o dobro do valor, e até mais do que isso. O achatamento dos valores foi progressivo até chegar o que é hoje. E sabe o que é pior? O achatamento não parou por aí. Vai continuar até chegar na espessura de uma panqueca. E, se isso acontece em uma das maiores editoras do Brasil, imagine o que não acontece nas Boca-de-Porco Publishings?
Cheguei a pegar uma época em que ser ilustrador era sinônimo de ser rico, sem exageros. Ganhava-se muito bem, e foi um dos motivadores de eu largar a Biologia pela Ilustração. Não me arrependi de ter feito a troca, mas fico triste e ensandecido quando vejo o respeito financeiro que a ilustração vem tomando no Brasil, o suficiente para cogitar a possibilidade de trocar de país.
Até mesmo Cacilda Becker, cansada de receber pedidos de convites de graça das suas peças de teatro, grudou um recado no vidro da bilheteria dizendo: “Não me peça de graça a única coisa que tenho pra vender”.

Autor: Hiro
http://blog.hiro.art.br/2006/12/31/por-que-nao-desenhar-de-graca/

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Olha só que legal!

Recentemente adicionei o criador do desenho Flapjack na minha lista de Deviant Watch, para ficar de olho nas insanidades que ele adicionasse aos trabalhos dele no deviantart.

E não é que ele viu, deu uma passeada no meu perfil e adicionou meu fanart na lista de favoritos dele?

Confiram neste link o perfil e os favoritos do Thurop Van Orman no deviantart :D


AVENTURAAAA!!!!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Preview - Adesivos do Super Mario

Fiz algumas Photoshopagens para mostrar como ficariam os adesivos do Mario.

Que tal?

sábado, 27 de março de 2010

8 bits, Pixel Art e Decoração

O que é pixel art? É a arte feita com pixels, meu caro Watson!


Pixel é a abreviação ou corruptela de PICture ELement (elemento da imagem). Ele carrega em si a informação de uma cor. É uma tarefa simples, mas de vital importância. Como "picel" é feio de falar, os gringos colocaram um "x" no meio para deixar mais estiloso e acabou dando nisso.

O pixel é a menor unidade de uma imagem digital. Seu monitor tem uma resolução máxima medida em pixels. A telinha do seu celular também. Sua câmera digital tem um resolução medida em pixels (um megapixel significa 1.024.000 pixels). Seu velho videogame Nintendinho usa pixels. Falou em imagem digital, tem pixel aí no meio!

Aproveitando o gancho e me dirigindo à geração que não pode mais ser confiada, que atingiu os 30 a poucos anos, vocês lembram do seu Nintendinho?

Pois ele é a parte 8 bits do título deste post. São os videogames de duas décadas atrás, com os famosos personagens e games que existem e fazem sucesso até hoje como Sonic, Double Dragon, Mario, Donkey Kong e Megaman.

Lembram deles?

Mesmo quem é mais novo - até minha filha de 5 anos! - conhece o Mario. E ai de quem perguntar "Que Mário?"

Vamos entrar numa viagem pelo túnel do tempo, mas sem tocar no aspecto quântico dessa jornada.

Quero que pegue sua câmera digital, que tem por exemplo a capacidade de tirar fotos com 12 megapixels - isso significa que ela grava 12 milhões de pontinhos contendo informações de cores, espalhados em 4096 colunas x 3072 linhas. Agora pegue o Nintendinho, no ano de 1985 do milênio passado. Você sabia que ele trabalhava com uma resolução de 0,06 megapixel?

É pouco?

Seis centésimos de megapixel. São incríveis 61.400 pontos, divididos em 256 colunas x 240 linhas de pura diversão, esmagando tartarugas e salvando princesas!

Para nós, adolescentes na década de 90 e guaraná na garrafa de vidro isso era mais que o suficiente... 

Bem, já falei do Pixel Art, já falei do 8 bits e mostrei o salto imenso que a tecnologia deu nesses anos. (Daqui a 20 anos nossas câmeras 3D terão quantos terapixels de resolução?)

Agora vem a parte da Decoração... Dêem uma olhadinha na foto abaixo:


Jogos Antigos + Impressão em Adesivos + Saudades = Decoração Cool para ambientes internos e externos.

A decoração acima é com Sprites e Tiles do jogo Super Mario Bros, o clássico lançado pela Nintendo. Mas não precisa ser só do Mário... Com um pouco de googlagem é possível achar imagens de praticamente todos os jogos.

Vou pegar alguns sprites, vetorizar, organizar num arquivo do illustrator de 1m² e mandar para a gráfica produzir uma decoração em vinil personalizada do Super Mario World do SNES.

Depois eu ponho uma foto da decoração já pronta... No momento estou buscando um método prático, rápido e satisfatório para criar os sprites vetorizados:

Gostaram? Quem quiser posso fazer sob encomenda :)

Um abraço a todos e volto em breve!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Adiós Glauco

Mais uma vítima da violência em São Paulo.

Glauco, o criador do Geraldão, Nojinsk, Dona Marta, Geraldinho, Casal Neura entre outros personagens foi assassinado junto com seu filho durante uma tentativa de assalto e sequestro em sua residência.


Seus quadrinhos foram fonte de inspiração para vários cartunistas atuais, inclusive para mim. 

Infelizmente, contra esse tipo de violência o humor acabou sendo calado...

...e o Brasil perdeu mais um grande artista em um ato irracional, e ninguém sabe quantos cartunistas, padeiros, contadores, motoristas, marceneiros - pessoas comuns - perderão a vida pela falta de segurança, de policiamento, de atitude das autoridades (ir)responsáveis.

Como o fato realmente ocorreu ainda não está muito claro, as informações até o momento são confusas. A única certeza é que ficamos todos um tanto mais tristes hoje.

Adiós Glauco.

(fontes: Globo, UOL)

terça-feira, 9 de março de 2010

"Propostas de Risco" ou "Quem Arrisca Não Petisca?"

Estava lendo o blog da Thais Linhares, uma ilustradora com 20 anos de carreira, e no dia 01 de março ela postou o tópico "Não Aceite Propostas de Risco!"

Diz a sabedoria popular, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. 

Tanto na hora de aceitar serviços de risco quanto trabalhar sem contrato, quem leva a pior é o ilustrador que dedicou horas e abriu mão de outras oportunidades para concluir um serviço cujo retorno é incerto.

Muitas vezes a empresa ou o cliente que o contratam tem "N" projetos paralelos que independem do sucesso dessa única proposta de risco, e o lucro da empresa - portanto o salário deles - não está em jogo.

Enquanto o seu, está... Por isso trate de diminuir seu risco, se estiver num mês de vacas magras sem outros jobs, e não tenha outra opção além de aceitar o serviço, uma solução citada pela Thais é estabelecer um mínimo, nem que seja apenas para pagar suas contas.

É justo garantir este "piso" em qualquer job de risco que você precise fazer. Especifique em contrato o valor, e condicione um acréscimo ou uma participação nos lucros caso o projeto seja bem sucedido.

O importante é ficar sempre coberto, no pior dos casos o mês passou sem que você entrasse no vermelho e o trabalho feito, mesmo não obtendo sucesso no projeto, vai para o portfólio e vira experiência e uma boa história para contar para os amigos no bar.

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Apenas para acrescentar um causo pessoal no post, lembram o cliente que fugiu quando mostrei o contrato?

Pois é, era um projeto de risco. No contrato constava uma cláusula que incorporei para minimizar meus riscos - como o pagamento dependia de comissão de venda das ilustrações, eu não aceitaria que ele estabelecesse nenhum prazo para entrega das reproduções.

"Mas como assim???", vocês podem perguntar.

É simples, eu tenho o trabalho fixo na produtora e os outros freelances remunerados que aparecem. Eles são minha prioridade, pois tem remuneração certa. Como vira e mexe eu acabo pintando e fazendo algumas ilustrações para praticar, iria encaixar nesse tempo de lazer e estudo, independentes e não interferindo com o serviço.

"Certo, mas e se o cliente precisasse de uma encomenda urgente?", seria outra dúvida razoável.

Nesse caso também deixei no contrato bem claro - se fosse necessário estabelecer e cumprir prazos, deveria receber o adiantamento equivalente a 10 comissões de venda da obra de cada ilustração com data de entrega. Assim, as 10 primeiras vendas já estariam pagas e garantidas para mim, e eu iria voltar a receber as comissões normalmente a partir da décima primeira venda.

Como o contrato não foi aceito, o risco foi zero e o tempo gasto foi 1 hora para adaptar um contrato padrão de ilustração nos moldes que eu precisava.

Agora fui conferir se já carregaram as pilhas da caneta do tablet (sim, preciso comprar um Wacom urgentemente)! Fui!

sábado, 6 de março de 2010

Ruim sem ônibus, pior com eles!

Dentro do ônibus perdemos partes estratégicas do nosso dia.

Logo cedo o pique e motivação para começar o expediente de trabalho escoam ao entrar pela porta da frente, extraídos pela pressão do pessoal empurrando atrás e o muro de entalados na frente.

É o café da manhã dos campeões.

Ao sair do trabalho, buscando a tranquilidade e conforto do lar, somos submetidos a mais um pouco de stress e mais um pouco de atividade física puxada, tendo que segurar firme em uma barrinha de metal enquanto o motorista tenta nos lançar ao chão.

Igual um peão montado num touro no rodeio.

A qualidade do transporte público é péssima, em termos de conforto e tempo perdido na viagem.  E nossos governantes com seus motoristas particulares prometendo que irão tomar conta e melhorar a situação da população.

Só se mandarem os motoristas particulares para nos levar de carona.

Enquanto isso não acontece, ficamos presos nos ônibus, trens e metrôs de SP. Muitas vezes literalmente presos. Sem conseguir nem andar dentro deles.

Vejo muitos aproveitando o tempo da viagem para uma grande variedade de atividades paralelas...

Por exemplo ler livros, mandar torpedos no celular, retocar a maquiagem, tirar sobrancelhas, fazer lipsync com o iPod, poledancing, rosca direta com sacola de compras, cortar as unhas e muito mais.

Eu espero que os políticos não consigam roubar todo o dinheiro dos impostos que pagamos e um pouco da verba que sobrar seja realmente usada na melhoria dos transportes....

Ainda bem que é sábado e não preciso pegar ônibus hoje. Posso dormir na cama, ao invés de cochilar sentado num banco desconfortável e sacolejando para todos os lados!

quarta-feira, 3 de março de 2010

A Matemática do Transporte Público em SP

Quem mora "longe" do trabalho tem que passar por cada situação... Vou tentar mostrar um pouco disso através da linguagem universal dos números.


Veja este problema de subtração de tempo:

Entenda por longe qualquer um que fique mais de 1 hora dentro do transporte publico para se locomover de casa para o escritório ou vice-versa.

Por exemplo, num dia bom gasto 1 hora para fazer o trajeto. Num dia normal, 1 hora e meia. Dias ruins, 2 horas. Catástrofes naturais, chuvas, alagamentos, terremotos, invasões alienígenas, ataques do PCC e outras calamidades, 2 horas e 30 minutos (a pé) ou 5 horas (de ônibus).

Como é ida e volta, multiplique o tempo gasto por 2. Se a média é de 1 hora e meia, o total é de 3 horas por dia.

Numa semana de 5 dias úteis, são 15 horas "inúteis" dentro de um ônibus.

Num dia de 24 horas, se você ficar 8 horas dormindo, sobram 16. Das quais você passa 15 no ônibus.



Leis da Física para motoristas de ônibus:

Inércia - Um corpo em repouso ou em movimento retilíneo uniforme não permanecerá no mesmo estado por muito tempo pois será chacoalhado com uma arrancada ou freada brusca causada pelo condutor.

Propriedades da Matéria - Dois, três, quatro, cinco ou mais corpos podem e devem ocupar o mesmo lugar no espaço, de modo contrário o ônibus permanecerá no ponto sem sair do lugar esperando que todos os passageiros embarquem.

Ação e Reação - A todo buraco equivale um solavanco igual e no sentido oposto, mas quem voa dos assentos são os passageiros do fundão, portanto o problema é deles.


Probabilidade e Estatística aplicada:

No horário do rush, a chance de seu ônibus passar com pelo menos um banco vazio é menor que 2%.

Existe um aumento de pelo menos 30% do tempo gasto na sua viagem se chover mais de 5 minutos.

Se você estiver viajando em pé, tem 26% de chance de um(a) passageiro(a) mais cheinho(a) lhe espremer por mais de 30 segundos para conseguir passar.

Nas quartas feiras, a probabilidade de encontrar dentro do ônibus um cretino que se entupiu de feijoada e ficou com gases incontroláveis é proporcional à seguinte multiplicação:
(temperatura interna do veículo em graus celsius * 2.5) %

Por uma eventualidade se conseguir um lugar para sentar, a chance de cair no sono e perder o ponto é de 16%.

...

E por enquanto é só e estou zarpando, cause it's been a hard day's night, and i've been working like a dog. It's been a hard day's night, i should be sleeping like a log!

Aufwiedersehen!

terça-feira, 2 de março de 2010

Soterrado sob Requisições

Parece que os recentes terremotos no Haiti e no Chile foram sentidos na produtora e uma tsunami de projetos começaram a ser solicitados desde a ultima semana.

Tenho recebido algo em torno de dois a três por dia, fora as revisões e readequações de projetos antigos, relatórios de conclusão e o material de suporte aos projetos como tabelas, ilustrações e gráficos.

Tudo urgente.


Sem exceção.

Com certeza muitos já passaram por isso. É uma situação sem saída, não dá uma folga para respirar, e a qualidade do trabalho fica muito comprometida.


Além disso, o que mais acontece nesse caso?

Bem, como tudo é urgente, nada é urgente. Se todos são considerados urgentes pelos solicitantes, o jeito é avisar a todos que por uma extrema coincidência existem pedidos urgentes, então irá atendê-los por ordem de chegada.


Mas, para não dizer que não há prioridade, há sim. Use a cabeça e acompanhe o raciocínio:

1) Hierarquicamente, do maior para o menor cargo dentro da empresa. Se alguém quiser reclamar com o dono da empresa que você está atendendo primeiro ao pedido dele, sinta-se a vontade. E assim por diante do maior cargo para o menor.


2) Depois, todos os pedidos dentro do mesmo nivel hierárquico de solicitantes, dê prioridade a quem organizou melhor o material e o briefing para executar o serviço.

Basicamente é assim, quem enviou uma solicitação por e-mail, com o conteúdo pensado, com todo o texto corrigido e um roteiro de como quer a apresentação, vai lhe tomar muito menos tempo para criar do que quem enviar tudo rascunhado num sulfite cheio de anotações aleatórias e uns post-its colados lembrando de passar na 5-a-Sec para pegar a roupa e no supermercado e comprar geléia de mocotó.

> Ao invés de ficar um dia inteiro se matando para criar uma proposta mal redigida, é mais produtivo fazer duas ou três bem estruturadas e planejadas pelos seus donos.

E todos adoramos eficiência. Pelo menos eu gosto muito...

Menos trabalho, menos tempo, menos esforço, mais qualidade, melhores resultados e mais rápido.

POR QUE AINDA TEM GENTE QUE NÃO GOSTA DE EFICIÊNCIA?!

...
...
...

Só Deus sabe.

Voltando à tsunami de pedidos....

Quem nunca ficou sentado no meio desse fogo cruzado, vendo a lista de pedidos se amontoar, a ponto dos requerentes ligarem de hora em hora, atrapalhando, interrompendo e cutucando para cobrar quando vai ficar pronta a proposta enviada no e-mail que ainda nem chegou?


Dá a impressão que alguns dos solicitantes são sádicos, especialmente aqueles que chegam na sua mesa o vêem com 9 janelas de documentos abertos dentro do InDesign, suando e descabelado, recortando fotos com paths e mais paths no Photoshop, ajeitando vetores e efeitos no Illustrator, o Entourage apitando e surtando tal qual José Simão: "Buemba! Buemba!" e você num esforço sobrehumano, concentrado tentando terminar todas as tarefas dentro do horario do expediente e lhe perguntam:
"- Tá muito ocupado? Preciso que você faça uma coisinha..."

...
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Raios riscam os céus, a noite vira dia, o mundo vira uma foto na qual deram Ctrl+A e Ctrl+I.... Criancinhas no Japão caem vitimas de ataques epiléticos...  Nesse momento há de ser testada a paciência do Designer. Nossa descrição de cargo deveria ser Designer slash Jó (Designer/Jó), pois é um pré-requisito para esta profissão.

Haja paciência.

Ou não! ... ouvi relatos de designers que foram para o lado negro da força e aplicaram uma gravata colombiana usando nada mais que uma Bic e uma régua, outros agrediram o interlocutor com teclados, monitores, cadeiras, porta-lápis e outros objetos que estavam por perto na hora do acesso de fúria. Pois é, todos somos humanos e temos nossos limites.

Minha recomendação:

Se você ainda não surtou dessa vez e não espetou nada no globo ocular do solicitante, e se ele não for o chefe ou alguém próximo hierarquicamente, respire bem fundo e solte todo ar de uma vez, de maneira a enfatizar que o momento é inconveniente.

Num gesto amplo e exagerado, pare tudo, plante ambos os pés no chão, cruze os braços, olhe fixamente para o interlocutor e deixe-o falar. Se ele pausar, diga "- Aham, continue, o que mais?" até que ele passe toda a tarefa verbalmente.

Assim que terminar, diga "- Ok, ótimo. Só que no momento preciso terminar esta outra proposta. Me envie tudo isso que você disse por escrito, no e-mail, e avise o pessoal que estarei concentrado terminando este serviço para poder começar o seu o mais rápido possível."

Se você estiver lidando com pessoas equilibradas e sãs, elas verão que você está super atarefado e que, mesmo irritado e cheio de coisas a fazer, conseguiu ceder um pouco de seu precioso tempo para ouvir o projeto por consideração e respeito.

Saberão que irá trabalhar com afinco para terminar suas tarefas e logo logo concluir o pedido que lhe foi feito - e portanto não irão mais incomodá-lo e ainda por cima irão evitar que os outros te incomodem.

Notou as 8 palavras posteriores ao SE, que criam uma frase e condição no penultimo parágrafo acima?

Pois é, SE for esse seu caso, considere-se um sortudo e mantenha sua sanidade.

Senão, junte-se a mim, diga boa noite ao William Bonner e vá chorar num canto.

Ou transforme tudo em quadrinhos e publique na esperança de ficar rico e famoso um dia.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Profissionalizando... ou: Dá trabalho trabalhar direito!

No ultimo post, o episódio do Contrato que espantou o cliente, falei muito sobre profissionalizar o trabalho de ilustrador.

Infelizmente, no Brasil, para iniciar a carreira como ilustrador autônomo (freelancer) é bom antes você arrumar outra fonte de renda.

Explico:

Você pode trabalhar como pessoa física, realizando uma ou outra ilustração, montando um flyer para um amigo, um cartão para outro, mas dificilmente irá conseguir um job grande sem poder emitir nota fiscal, ou sem estar em contato com uma agência.

Eu ainda estou nessa área. Trabalhando fixo como designer gráfico e vez ou outra fazendo freelances - no pouco tempo que me resta entre o trabalho e a familia. E sem emitir notas. É bom para ir divulgando o serviço, engordando o portfolio mas para se manter apenas com a renda de ilustração é impossível.

Estou há um bom tempo pesando os prós e os contras de abrir uma empresa, e procurando ampliar a carteira de clientes para justificar o gasto da abertura e manutenção da empresa. Ainda não dá.

....

Foi quando no finalzinho do ano passado eu ouvi falar do empreendedor individual. Quando vi no SP TV essa notícia, fiquei todo animado! Todo o trâmite legal e o custo com contadores e burocracia para abrir a minha empresa de ilustração estariam resolvidos!

Com um custo mínimo de 56 reais por mês é possível manter uma empresa aberta em seu nome, contratar um auxiliar com carteira assinada e ainda ter direito a recolher INSS e se aposentar! Emitir notas fiscais para outras empresas e trabalhar legalmente com um custo super acessível!

Uau!

Só que ilustrador não faz parte da lista de profissões beneficiadas com essa medida. Parece que não é uma atividade regularizada.


É mole??? Sem menosprezar as outras profissões, mas algumas eu fiquei conhecendo só ao ler o Roteiro do Microempreendedor Individual ( http://www.portaldoempreendedor.gov.br/modulos/entenda/quem.php ) e outras são no mínimo curiosas:
- Vinagreiro (wtf)
- Baleiro (Zeca?)
- Caçador
- Panfleteiro
- Salsicheiro...
... e mais uma lista de 439 profissões beneficiadas por essa lei.

PERGUNTA:Você já contratou um caçador para abater um coelho azul que fica batendo papo com um pato preto?
- Porque se precisar contratar, ele pode emitir nota!!!!

Enquanto isso, recomendo aos futuros ilustradores que tiverem a oportunidade ou necessidade de abrir uma empresa os seguintes links:

Sebrae (http://www.sebraesp.com.br/)
Reserve uma semana no mínimo para ler tudo e se informar de cabo a rabo das responsabilidades e custos ao se abrir um empresa e manter um negócio.

Sociedade dos Ilustradores do Brasil (http://www.sib.org.br/)
Informe-se sobre os requisitos e associe-se. É bom entrar em contato com outros ilustradores e unir a categoria para, quem sabe, termos mais direitos e uma voz que seja ouvida.

Associação Brasileira dos Ilustradores Profissionais (http://www.abipro.org/?scrid=Abipro)
Mais uma vez, informe-se sobre os requisitos e associe-se.

Por ultimo, mas não menos importante, leia o Guia do Ilustrador (http://www.guiadoilustrador.com.br/). E leia os blogs, forums e tente se inteirar da "scene" atual da ilustração no Brasil antes de largar seu emprego de Caçador e entrar em uma atividade cuja existência não é reconhecida.

Fui chorar num canto escondido!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

To Contrato ou Not to Contrato?

Recentemente "perdi" um trabalho ao apresentar um contrato ao cliente.

Isso com certeza vai acontecer com todo ilustrador, designer gráfico, programador web ou webdesigner em qualquer ponto da carreira. Na hora eu até engoli seco, as palavras do meu quase-contratante foram:

"- Contrato? Pra que isso? Já trabalhamos antes sem contrato, parece que não confia em mim. Queria dar preferência ao seu trabalho, mas não precisa ser assim. Tenho outras pessoas que fazem o mesmo serviço e nunca deu problema nenhum, inclusive já consegui com eles a ilustração que eu queria, e vou tirar suas outras ilustrações do meu site."

Uau... Porra, fiquei sem a comissão, outro ilustrador levou o trabalho e ainda queimei meu filme com o cliente?!?!

Infelizmente, não dá para trabalhar sem contrato escrito, impresso, assinado por ambas as partes e com testemunhas. O contrato garantiria que ambas as partes iriam cumprir fielmente o que haviam combinado verbalmente. Que mal há nisso?

Tudo que tinhamos conversado estava ali, transcrito no papel, os direitos e deveres de ambas as partes. O valor da comissão combinado, os prazos de pagamento, a licença por escrito para o uso de minhas ilustrações, tudinho.

Então por que não agir profissionalmente e assinar o contrato?

Se você pesquisar, todos os sites sérios de ilustradores dizem a mesma coisa. Faça o contrato, cobre o valor devido, se o cliente quiser o pagar menos, é melhor não aceitar do que fazer mal feito por não valer a pena financeiramente.

O guia do Ilustrador do Ricardo Antunes (http://www.guiadoilustrador.com.br/Guia_do_Ilust.pdf) vem com alguns modelos de contrato e diz em diversos pontos:
- Profissionalize-se, faça contrato, cobre o valor devido, seja ético.

A Sociedade de Ilustradores do Brasil (http://www.sib.org.br/) tem o código comercial, e logo no segundo artigo já fala:
- ART. 2’ - Pedidos e acordos entre o ilustrador e o contratante devem estar por escrito, e devem incluir os direitos de utilização específicos a ser transferidos, incluindo os valores combinados pelas partes, o prazo de entrega e um sumário descritivo do trabalho.

O site do Montalvo Machado (http://www.montalvomachado.com.br/), outro ponto de referência para a categoria, não deixa por menos ao explicar em seu FAQ o por que de trabalhar com um contrato:
- Porque é a única maneira segura para garantir que ambas as partes cumpram o combinado em relação a prazo de entrega, de pagamento, e que possam lidar com eventuais problemas de maneira justa e com a cobertura da Lei, em casos de cancelamento, de não pagamento, de utilzação indevida, etc.



Portanto... eu saí perdendo? 

...


Então veja só isso:
Para quem ainda acha que eu perdi, saiba na oportunidade que trabalhei com esse mesmo cliente sem contrato, eu fiz o site que eles usam para vender seus produtos por um preço módico de R$ 500,00 pois era tudo na camaradagem.

Na hora que cobrei o pagamento meses depois do site estar no ar, o cliente desconversou e disse que, se foi feito na amizade, eu não poderia cobrar nada e isso era uma puta sacanagem que eu estava fazendo.

Em troca pelo meu trabalho, eu poderia deixar minhas ilustrações a venda no site, e seria um sucesso pois venderia muito.

Depois de dois anos do site no ar, se vendeu alguma coisa minha eu sinceramente não sei  - não tinha um contrato assinado, não recebi nenhum relatório de vendas pois não tinha mais uma vez um contrato por escrito cobrando meus direito.
Repito... ter perdido ESTE cliente por ter apresentado o contrato ainda pode ser considerado que eu saí perdendo?


PS: Embora tendo retirado minhas ilustrações da área de produtos a venda, ainda tem ilustrações minhas no menu do site e no flash da página inicial. O que fazer?

Guarulhos 450 Anos

Capa e uma página que criei para o projeto idealizado pelo chefe. Acabou ficando bem simples e direto, o tempo é escasso e não dá para caprichar ou tentar fazer algo mais elaborado.


Sugestões?

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

De-zái-gui-ni Gráfico

É, todos temos um longo caminho a percorrer. O design gráfico é uma profissão como outra qualquer, porém muito mais incompreendida e subvalorizada.


"Vai ficar chorando as pitangas? Conta tudo pra sua mãe!"

Pretendo compartilhar um pouco do meu dia-a-dia, para que os outros aprendam com meus erros e acertos. Principalmente erros.

Tudo com um pouco de humor auto-depreciativo e irônico.

E vamos ver se no final tudo não vira um livro?